Destravar o caminho para carimbar sua pré-candidatura em campo minado, e não ampliar o fosso, é o desafio que o secretário municipal da Saúde, Ricardo Pereira ( PC do B ), tem de encarar agora, quando tenta convencer as bases partidárias do Clã Pereira de que ele é o nome mais competitivo do grupo para disputar a Prefeitura de Princesa Isabel.

De estilo inconfundível, obstinado até, o homem forte da administração Thiago Pereira ( PMDB ) prepara uma mobilização para o próximo sábado ( 25 ), quando oficializará sua pré-candidatura que – assegura ele a aliados mais próximos – é irreversível, e é pra valer. Será uma demonstração de forças, com a participação de vereadores, pré-candidatos, lideranças comunitárias e empresariais, além da presença marcante do sempre correto ex-deputado Aloysio Pereira – principal fiador político e moral do secretário prefeitável.

A disputa interna pegou fogo.

De corpo e alma na folia, o presidente da Câmara de Vereadores de Princesa Isabel, Dominguinhos ( PSDB ), só vai definir a posse do suplente Rogal após o recesso. De Momo, claro.

O também tucano Rogal assume a cadeira no lugar de Geneci Bem, morto na última sexta-feira ( 19 ), vítima de câncer no intestino.

Na atual legislatura, o perfil original dos nove integrantes do poder sofreu três alterações por morte e uma por perda de direitos políticos. Morreram, no exercício do cargo, os tucanos Sebasto Henrique e Paulinho da Várzea, além do próprio Geneci Bem. Assis Maria ( PRB ) teve seu mandato cassado por decisão judicial.

Diminuído como liderança dentro do seu próprio grupo e quase ferido de morte política com a perda do mandato de vereador, o ex-prefeito Assis Maria ( PRB ) mantém-se tranquilo, mas sem esquecer de muitos que não se deram conta de que a política muda e o poder é passageiro.

O isolamento a que Assis Maria foi submetido retrata o quadro de desconstrução política que se amplia no interior do Clã Pereira, órfão de identidade própria, abarrotado de brigas entre facções que reclamam os espaços subtraídos por uns e abocanhados por outros.

Enquanto a guerrilha grassa sem trégua, Assis Maria – esquecido por poucos e lembrado pelo povo – cuida da roça, animado pelas chuvas caídas nos últimos dias, mas sem perder a perspectiva de que, por incrível que pareça, o grupo vai se realinhar com a candidatura ‘ natural e confiável ’ de Kelly Antas ( PMDB ) à Prefeitura de Princesa Isabel.

Quem aposta?

Não foram só a sagacidade nos bastidores da política de Manaíra e o posicionamento claro em qualquer situação que levaram o peemedebista Evandro Silvino Cosme ( Neguinho ) a vice-prefeito.

Ele, como nenhum outro, sabe aproveitar a circunstância oportuna para levar a cabo seus projetos políticos. Agora, diferentemente de antes, Neguinho irá exercitar quase nada sua proverbial habilidade para sair sem arranhuras na eleição que se avizinha.

No mesmo arco partidário, estão em duelo interno o ex-prefeito Zé Souza ( PMDB ) e o atual, Zé Simão – este último de plumagem nova, nas asas do PSDB . Ambos, cavalheiros, evitam antecipar qualquer passo que os distanciem um do outro.

O prefeito Zé Simão quer emplacar seu quarto mandato, um projeto nada fácil, porém viável com o apoio de Zé Sousa que, por sua vez, também ambiciona voltar ao cargo. Entre ambos, é sabido, há um acordo de alternância no poder, em vigor desde a eleição de 2004.

Entre os Zés, Neguinho já fechou com Zé, isto é, Zé Sousa ou Zé Simão. Ou seja, qualquer que seja o candidato, o vice-prefeito assimila a indicação sem opor resistência, afinal, argumenta ele, “ambos integram o mesmo grupo responsável pelo projeto político-administrativo que soergueu Manaíra”.

Pois é, com Zé ou sem Zé, só dá Zé em Manaíra. Zerou tudo?

Sem data definida pra assumir a vaga aberta com a morte do vereador Geneci Bem, o suplente Rogal (PSDB ) dispensa formalidades na cerimônia de posse, que será simples, meramente declaratória.

Aconselho-o a munir-se de amuletos, galhos de arruda e rezas fortes pra se proteger de agouro, mau-olhado, infortúnios e outros malefícios da política.

Além da parafernália mística, é de se prever que Rogal deve voltar ao aconchego da Câmara de Vereadores de Princesa Isabel munido de um bom discurso oposicionista, mas sem radicalismo político nem destemperança verbal, como é do seu estilo.

Até que enfim, voltou a chover em Princesa Isabel. A estação chuvosa abriu suas torneiras em pleno sábado de carnaval, com pancadas de chuvas em períodos intercalados, principalmente a partir da tarde, seguindo noite adentro, mas não esfriou a animação de blocos e foliões.

Nas avenidas, a ordem de Rei Momo foi cumprida à risca, sem qualquer interferência da variação humoral de São José, o santo fazedor de chuva no sertão que, em sua generosidade, permitiu que o pluviômetro instalado aqui em casa acumulasse 37 milímetros até o início desta manhã.

Evidentemente, o santo mandachuva foi bem mais benfazejo noutras áreas, alargando suas bênçãos molhadas a pastos ressequidos, cacimbas vazias e cisternas ávidas por mais volumes, anunciando aos agricultores, através de sua trombeta d’água, que é chegada a hora de preparar a terra para o plantio.

Mas, voltando às coisas da terra e dos viventes, teremos – segundo previsão do CPTEC, um domingo de carnaval com muitas nuvens, curtos períodos de sol e pancadas de chuvas com trovoadas. Assim seja.

Não é por nada não, mas chega a uma escala impressionante o grau de empolgação predominante no Grupo Diniz com a pré-candidatura de Flora Diniz ( PPS ) à Prefeitura de Princesa Isabel. Afastado do poder municipal por uma contingência adversa no âmbito da justiça eleitoral, o agrupamento, sob o comando do ex-prefeito Dr. Sidney ( PSDB ), revê oportunidades, estratégias e táticas.

De olho no desgaste político-administrativo do gestor pereirista – um verdadeiro prato cheio para o paladar da oposição – a cúpula tucana lucra ainda com a briga interna entre as facções do PC do B e do PMDB, engalfinhadas na disputa pela definição das pré-candidaturas de Ricardo Pereira e Kelly Antas, respectivamente.

Mas não é só isso que, pra variar, fortalece a musculatura eleitoral e o discurso político da ala tucana. Na avaliação de um influente integrante do grupo, o deslocamento do eixo de decisão do prefeito cassado Thiago Pereira ( PMDB ) para esferas hierarquicamente inferiores da administração municipal produz um efeito colateral de proporções inimagináveis, com desdobramentos eleitorais previsíveis.

É claro que a leitura se sustenta em dados óbvios, mas o perfil da pré-candidata Flora Diniz agrega condições que vão além da conjuntura favorável à sua campanha. Com um currículo limpo, militância unida, trânsito livre em todas as camadas do eleitorado, somados à liderança do seu marido, Dr. Sidney,  Flora tem algo mais, indispensavelmente importante: perfil próprio.