Desfiles cívicos, aberturas de solenidades, atividades sociais e religiosas da capital e do interior do Estado marcam a trajetória dos 142 anos da Banda de Música da Polícia Militar do Estado da Paraíba. Atualmente, o grupo conta com 141 músicos distribuídos nas bandas regimentais de João Pessoa, Campina Grande, Cajazeiras e Patos.
Uma das mais antigas do Brasil, a banda da PMPB foi criada pela lei nº 291, de 8 de outubro de 1867, pelo então presidente da Província da Parahyba, José Teixeira de Vasconcelos (Barão do Maurú). Devido às condições materiais da corporação somente em 20 de abril de 1870, pela lei nº 387, sancionada pelo então presidente da província, Venâncio José de Oliveira Lisboa, a banda foi posta em funcionamento com um efetivo de 20 músicos, dirigido pelo maestro 1º Sargento Jorge Martiniano Lopes de Sampaio, seguido do 1º sargento José Joaquim de Oliveira.
Trajetória – Ao longo dos anos a banda de música foi extinta e recriada várias vezes sempre com a alegação de contenção de gastos. Artistas renomados saíram dos quadros da banda e ganharam destaque no Brasil e até no exterior, como é o caso do maestro Severino Araújo (da Orquestra Tabajara do Rio de Janeiro), maestro Moacir dos Santos (professor de música nos EUA), José Barreto (componente da Orquestra Tupy do Rio de Janeiro) e Jurandir Félix (Jurandir do Sax, ex-militar que ganhou destaque com a execução do Bolero de Ravel nas tardes da Praia do Jacaré, em Cabedelo).
Ex-regentes e mestres – A virtuosidade dos seus músicos ficou conhecida com o tempo. Entre eles destacaram-se Camilo Ribeiro, João Eduardo, Joaquim Pereira, Pedro Neves, Eraldo Gomes e Antônio Dantas. Atualmente, o capitão Edson Alves rege a banda com o apoio do seu adjunto, tenente Alexandre Maracajá.
Mais três bandas regimentais atuam no interior do Estado: Paulo Wanderly rege a banda do 2º Batalhão, em Campina Grande, Ronaldo Queiroz rege a banda do 3º Batalhão, em Patos, e Arnaldo Clemente rege a banda do 6º Batalhão, em Cajazeiras.
Repertório – As bandas de música da PMPB, além da execução dos tradicionais dobrados militares, também detêm como autoria de seus próprios músicos valsas, frevos, clássicos nacionais e internacionais e arranjos de músicas populares.
Projetos – Um coral no Colégio da Polícia Militar com 30 crianças de idades entre 12 e 16 anos que está sendo treinado por componentes da banda. Outro projeto da banda é organização de um acervo digital que está sendo realizado para recuperar partituras antigas.
Para o soldado saxofonista Givalberto, a iniciação desde cedo na música é muito importante para quem deseja se tornar profissional: "Sou de uma família de músicos e toco sax desde os 12 anos. Comecei na igreja, depois cursei música na UFPB até que em 2002, através do concurso para PM, ingressei na corporação. Ao saberem da minha habilidade passei a integrar a banda onde estou há 7 anos. Foi um sonho de criança que se realizou, mas só vim perceber quando participei do desfile de 7 de Setembro, em 2004. Foi marcante”, conta.
Gravações – Como parte comemorativa do Sesquicentenário da Polícia Militar da Paraíba, em 1982, a banda de música gravou o primeiro disco com repertório de dobrados, clássicos e músicas populares. Em 1985 lançou outros discos e hoje tem CD e DVD.
A banda ensaia por quatro horas todos os dias e se apresenta 240 vezes por ano. Em alguns meses, as apresentações chegam a 35. O maestro capitão Edson sabe da importância de preservação da banda de música. "Muitas vezes chegamos a localidades remotas e nosso maior pagamento são os sorrisos nos rostos e aplausos. Até agimos em situações especiais, como por exemplo, no São João em Campina Grande, mas nossa maior missão é levar alegria à comunidade e trazê-la para perto de nós”, destaca.
Para o maestro Capitão Edson, muita coisa mudou ao longo dos anos na corporação. "No início quando sabíamos que algum militar tinha habilidade com música nós convidávamos para fazer parte da banda. Em 1991 teve um concurso especial para a banda, mas o efetivo é pouco. Conversei com o comandante geral para a abertura de um novo concurso, que está em fase de análise. Esta será uma oportunidade para trazermos bacharéis em música e assim melhorar a qualidade da nossa banda”, frisou.
Instrumentos – A banda é dividida nos naipes dos metais (tropetes, trombones, trompas e baixos) e das madeiras (clarinete, flauta e sax alto). O regente adjunto, tenente Alexandre, afirma que todos os instrumentos são importantes na harmonia: "A música instrumental é um prolongamento da música cantada. É como uma conversação que um pergunta e o outro responde”, explica. Além dos instrumentos de sopro, a banda possui guitarras, contrabaixo e teclado, bastante usados em apresentações ao ar livre.
A quatro anos da aposentadoria, o capitão Edson relembra que a história da banda de música da Polícia Militar não está ligada à corporação e também a própria história do Estado: "Foram muitas homenagens e apresentações marcantes como a do Teatro Santa Roza, em 2010. Gradativamente, estamos adquirindo novos instrumentos, ano passado foram 46, e dentro em breve, a abertura de concurso para músico com 42 vagas, sendo 15 para João Pessoa, 12 para Campina Grande, 10 para Patos e 5 para Cajazeiras”, afirmou.
Biografia – O capitão José Edson Alves Pequeno, atual regente da banda da PM, ingressou como soldado na corporação em 1987. Já no ano seguinte foi para a banda de música. Em 1993 tornou-se 3º sargento, seguindo as promoções em 2005 fez concurso do Curso de Habilitação Oficial (CHO) e ficou como regente auxiliar. Em 2009, fez o concurso para Sargento da Banda de Música da Universidade Federal da Paraíba, em regência de música. Em 2011 assumiu como titular, estando no cargo há 7 meses.
SECOM-PB