O fim da aliança entre tucanos e socialistas e a iminente candidatura do senador Cássio Cunha Lima (PSDB) ao governo do Estado começam a provocar mudanças no quadro político do Estado e, por conseguinte, a recomposição das alianças partidárias com vistas às eleições de outubro.
Além de Cássio, a disputa pelo Palácio da Redenção terá pelo menos mais dois postulantes com expressão eleitoral: o governador Ricardo Coutinho (PSB), que concorrerá à reeleição, e o ex-prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rêgo (PMDB). Ainda poderá surgir um nome do `blocão´, além dos tradicionais candidatos dos partidos de esquerda. Mantido o quadro, é certeza de segundo turno, projetam cientista político e historiadores.
Para o cientista político e professor da UFCG Fábio Machado, as postulações de Ricardo e Cássio, se confirmadas, vão obrigar Veneziano a se aliar ao PT, abrindo espaços na chapa majoritária para nomes ligados ao prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo. Por sua vez, interessa aos petistas armar um palanque forte para a presidente Dilma Rousseff (PT) na Paraíba, uma vez que os presidenciáveis Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves já têm suas tribunas e cabos eleitorais no Estado, respectivamente Ricardo e Cássio.
“Se forem confirmadas as candidaturas de Ricardo, Cássio e Veneziano, a campanha será emocionante. Caso não ocorra nenhuma surpresa, haverá segundo turno. Ao mesmo tempo, a disputa será objeto de estudo dos cientistas políticos e de reportagens dos jornalistas”, declarou Fábio.
O historiador e analista político Josué Sylvestre também prevê uma campanha acirrada e marcada por grandes debates.
“Cássio, Ricardo e Veneziano são três homens inteligentes e vão proporcionar bons debates. Não tenho dúvida de que as eleições serão disputadas no segundo turno, a exemplo do que ocorreu nos três últimos pleitos estaduais”, projetou Josué.
JALDES PREVÊ ELEIÇÕES POLARIZADAS
Para o historiador e professor da UFPB Jaldes Reis, a cisão da aliança PSDB/PSB vai gerar um quadro de polarização entre Ricardo e Cássio, e que dificilmente sobrará espaços para a configuração de um cenário como o das eleições municipais de 2012 em João Pessoa.
“Na ocasião se apresentaram quatro candidaturas competitivas e só tivemos um distanciamento de Luciano Cartaxo do pelotão dos quatro em agosto daquele ano”.
Afirmou que, no entanto, prevê a decisão das eleições em dois turnos. No campo da oposição, explicou Jaldes Reis, por questão de sobrevivência, haverá tentativas de acordos entre o PMDB e o PT. “Falta apenas grudar o último prego no caixão do tal de blocão (PT, PP e PSC).
A tendência, especialmente do PT, será retornar ao leito da velha composição com o PMDB, que dura desde as eleições de 2012”, projeta o historiador. Na sua ótica, escapar da polarização Ricardo/Cássio não será uma operação política fácil, pois o PMDB “definhou na Paraíba e Veneziano ainda é um candidato desconhecido de largas parcelas do eleitorado, principalmente em João Pessoa”.
CASADAS
Jaldes Reis também ressaltou que as eleições de governador são casadas com a de presidente da República. “O fato é que a decisão de Cássio em ser candidato objetivamente trinca a lua de mel PSDB-PSB, sendo esse o motivo do pedido de Eduardo Campos pela manutenção da aliança na Paraíba”, frisou.
Por fim, ele diz que, havendo segundo turno para presidente (dado ainda incerto nas pesquisas, mas cujas tendências históricas de polarização PT-PSDB contribuem para o crescimento de Aécio, assim como a polarização contribuiu para o crescimento de Serra em 2010) não será despropósito um cenário de conflito radical Dilma e Aécio, Ricardo e Cássio.
“Até por exclusão, evidentemente Ricardo passaria a ser o principal eleitor de Dilma na Paraíba”, concluiu Jaldes, embora pondere que em política os cenários podem mudar de repente.
Jornal da Paraíba