O senador Cícero Lucena (PSDB-PB) mudou o discurso tranquilo que vinha adotando até o momento, no processo eleitoral, e falou duro em relação às negociações políticas que vem sendo adotadas pelo senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) e pelo seu partido, em relação às Eleições 2014. Foi durante entrevista concedida a Juarez Amaral, Paulo Roberto, Polion Araújo e a Carlos Magno, na manhã do último domingo (6), no Jornal de Verdade, da Rádio Cidade AM, em Campina Grande.
Cícero cobrou reciprocidade em relação à lealdade que vem demonstrando ao longo dos anos, cobrou a definição de Cássio e do PSDB em relação à sua postulação ao Senado e criticou as negociações que vem sendo feitas com outras legendas, para a ampliação do tempo de TV, colocando na negociação a vaga de Senador na chapa encabeçada por Cássio, citando como exemplo a conversa com Wilson Santiago (PTB).
Ele iniciou a entrevista lembrando sua lealdade ao grupo político do qual faz parte. “Agradeço a Deus por ter entrado na política pelas mãos de Ronaldo. Entendo que a política se faz por sacerdócio. Sempre apoiei Ronaldo, Cássio, com exceção de quando Cássio apoiou Ricardo Coutinho. Mas em todas as outras oportunidades eu apoiei o meu partido, fui fiel e sempre serei”.
Cícero disse que, até o momento, ele e o PSDB tem priorizado a pré-candidatura de Cássio ao Governo do Estado. “É mais importante para a Paraíba a candidatura de Cássio. Se ele não fosse candidato, não existiria minha candidatura. Por isso que alguns me perguntam se eu vou desistir, porque eu tenho falado mais da candidatura de Cássio do que da minha”.
Segundo Cícero, é chegada a hora da definição da candidatura ao Senado. “As definições estão ocorrendo por etapas. A primeira etapa foi a da candidatura de Cássio e conseguimos superá-la. Agora vem a segunda etapa, que é a colocação de minha candidatura. Os suplentes virão de uma composição que Cássio verá com os partidos”.
O recado mais duro para Cássio e para o próprio PSDB se deu quando Cícero foi questionado sobre a garantia de que ele será o candidato ao Senado, na chapa encabeçada por Cássio, considerando que o próprio Cássio está mantendo contatos com outros partidos e lideranças, a exemplo de Wilson Santiago, em busca da ampliação do tempo de TV para a sua candidatura a governador.
“Tem Wilson Santiago, que está se oferecendo para qualquer um, né. Eu não. Eu só sou candidato ao lado de Cássio. Minha história não dá para se comparar com 40 segundos de televisão, a minha história é maior que 40 segundos de televisão”.
Ele criticou o atual governador e disse que Ricardo Coutinho vai usar a máquina do estado para se reeleger. “Ricardo Coutinho não vai ter limites. Ele não vai medir esforços nem recursos para se manter no cargo. Alguns irão nesse barco, mas a consciência do povo não será vendida. Pode até receber o dinheiro que eles estão dizendo que tem e estão dispostos a dar, mas no final vão decidir pelas suas consciências”.
Cícero foi mais além e cobrou lealdade de Cássio e do PSDB. “Tenho sido sempre correto em minha vida pública. O próprio Cássio já declarou que eu fui correto com ele em 2010, quando discutíamos a questão da candidatura própria ou do apoio a Ricardo Coutinho. Cássio perguntou se eu votava em Ricardo caso não fosse ao segundo turno. Eu disse que não, pelos motivos que a Paraíba inteira conhece, não concordo com o jeito de Ricardo governar, massacrando o povo e desrespeitando os paraibanos. Por isso ele decidiu retirar a minha candidatura. Mas eu fui coerente, votei em Cássio para senador”.
Cícero criticou o que ele considera um abuso do governador Ricardo Coutinho, no uso de verba pública para fazer propaganda. “Um governo que já gastou 140 milhões de reais com propaganda e que pretende gastar mais 50 milhões de reais com propaganda este ano, até a eleição, um governo que prefere gastar mais de 200 milhões de reais com propaganda, enquanto faltam mamógrafos na rede pública de saúde? Quantos hospitais daria para equipar com esse dinheiro? Quantas ambulâncias daria para comprar com esse dinheiro? Mas ele prefere gastar esse dinheiro todo com propaganda, só para dizer que ele é bom?”, questionou o tucano.
Cícero Lucena citou várias promessas feitas por Ricardo Coutinho na campanha de 2010 e que, segundo ele, até agora não foram cumpridas. “O símbolo das promessas de Ricardo Coutinho é a saúde pública, mas não podemos negar que o governo é completamente falho na segurança pública. Quando você vê no youtube que o governador, na época candidato, em 2010, diz que ele mesmo, não é secretário não, é ele mesmo, iria para as ruas resolver a questão da insegurança em seis meses, e hoje vemos um estado completamente entregue à bandidagem, temos que lamentar profundamente”.
E finalizou reforçando as críticas à área de segurança pública da Paraíba. “A única promessa que esse governo cumpriu foi aquele trecho da música que dizia ‘levante a mão, levante a mão’. Só que a gente não sabia que era para ser assaltado”.
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