“Mercantes brasileiros foram atacados, até um pesqueiro”
Otávio Sitônio Pinto*
A Alemanha torpedeou o Brasil mais uma vez. Neste mundial, meteu sete torpedos nas redes do goleiro Júlio César e pôs a Seleção a pique. Como na II Grande Guerra, quando afundou ou avariou 38 navios brasileiros. Veja nossos mercantes atacados na II Guerra Mundial:
1º) Taubaté, 1 morto, 22.03.1941, Mar Mediterrâneo, ataque aéreo; 2º) Buarque, 1 morto, 15.02.1942, litoral da Carolina do Norte, EE.UU, torpedeado; 3º) Olinda, zero mortos, 18.02.1942, litoral da Virgínia, EE.UU, canhoneado; 4º) Cabedelo, 54 mortos, desaparecido sem sobreviventes, 25.02.1942, Atlântico Norte Central; 5º ) Arabutã, 1 morto, 7.03. 1942, litoral da Carolina do Norte, EE.UU, torpedeado; 6º) Cairu, 53 mortos, 8.03.1942, litoral de Nova York, EE.UU; 7º) Parnaíba, 7 mortos, 1. 5. 1942, Atlântico Norte Central, leste de Trinidad-Tobago, torpedeado; 8º) Comandante Lyra, 2 mortos, 18.05.1942, Atlântico Norte Central, torpedeado.
Sequer o veleiro Gonçalves Dias foi poupado: nono a ser agredido, foi posto a pique a tiros de canhão, em 24 de maio de 1942, deitando seis mortos ao Mar do Caribe:
9º) Gonçalves Dias, veleiro, 6 mortos, 24.05.1942, Caribe, canhoneado; 10º) Alegrete, zero mortos, 1.6.1942, Caribe, torpedeado; 11 º) Parachute, (quantos mortos?), 5.06.1942, Caribe, canhoneado; 12º) Pedrinhas, zero mortos, 26.06.1942, Caribe, 500 km NE Porto Rico, torpedeado; 13º) Tamandaré, 4 mortos, 26.07.1942, Atlântico Norte Central, NE Trinidad-Tobago, torpedeado; 14º) Barbacena, 6 mortos, 28.07.1942, Atlântico, leste de Barbados, torpedeado; 15º) Piave, navio-tanque, 1 morto, 28.07.1942, Caribe, 100 milhas náuticas a leste de Barbados, torpedeado.
Ataques a três navios, Baependi, Araraquara e Benévolo, causaram 551 mortos:
16º) Baependi, 270 mortos, 15.08.1942, largo da foz do Rio Real, divisa Sergipe/Bahia, torpedeado; 17º) Araraquara, 131 mortos, 15.08.1942, ao largo da foz do Rio Real, divisa Sergipe/Bahia, torpedeado; 18º) Aníbal Benévolo, 150 mortos, 16.08.1942, litoral norte da Bahia, torpedeado; 19º) ITAGIBA, 36 mortos, 17.08.1942, 30 milhas náuticas ao sul de Salvador, Bahia, torpedeado; 20º ARARÁ, 20 mortos, 17.08.1942, 30 milhas náuticas ao sul de Salvador, Bahia, torpedeado; 21º) JACIRA, barcaça de carga, zero mortos, 19.08.1942, ao largo de Ilhéus, Bahia, dinamitada; 22º) OSÓRIO, 5 mortos, 28.09.1942, costa do Pará, torpedeado; 23º) LAGES, 3 mortos, 28.09.1942, litoral do Pará, torpedeado;
Mercantes brasileiros voltaram a ser atacados fora de nossa costa, até um pesqueiro:
24º) ANTONICO, 16 mortos, 28.09.1942, costa da Guiana Francesa, torpedeado; 25º PORTO ALEGRE, 1 morto, 3.11.1942, litoral da África do Sul, torpedeado; 26º) APALOIDE, 5 mortos, 22.11.1942, Caribe, leste das Pequenas Antilhas, torpedeado; 27º) Brasiloide, zero mortos, 18.02.1943, 60 km ao norte de Salvador, Bahia, torpedeado; 28º) AFONSO PENA, 125 mortos, 2.03.1943, ao largo de Porto Seguro, Bahia, torpedeado; 29º ) TUTOIA, 7 motos, 1.7. 1943, litoral de Iguape, São Paulo, torpedeado; 30º) PELOTASLOIDE, 5 mortos, costa de Salinópolis, Pará, torpedeado; 31º) SHANGRI-LÁ, pesqueiro, 10 mortos, sem sobreviventes, 22.07.1943, litoral do Arraial do Cabo, Rio de Janeiro, canhoneado.
A foz do Rio Real teve nova tragédia: 32º) BAGÉ, 28 mortos, 31.07.1943, Sergipe/Bahia, torpedeado; 33º) ITAPAGÉ, 22 mortos, 26.09.1943, litoral de Alagoas, torpedeado; 34º) CAMPOS, 12 mortos, 23.10.1943, costa de São Paulo, torpedeado; 35º) VITAL DE OLIVEIRA, 99 mortos, navio auxiliar, 19.07.1944, ao largo do farol de São Tomé, Rio de Janeiro, torpedeado.
Total das vítimas: 1081 mortos.
Leia mais: 36º) Suloide naufragou quando bateu nos restos do Hutton, em 23.03.1943, na costa atlântica dos EUA, navio norte-americano torpedeado no ano anterior; 37º) Santa Clara desapareceu no Atlântico Norte, em março de 1941, sem sobreviventes, e Cisne Branco (38º), afundou misteriosamente em setembro de 1943, no litoral cearense.
Não grite pelos mortos do mar. Todos mudam de nome.
*Jornalista, escritor, poeta, ensaísta, publicitário e membro do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, da Academia Paraibana de Letras e da Academia de Letras e Artes do Nordeste.