Ricardo Coutinho (PSB) e Cássio Cunha Lima (PSDB) polarizaram o debate realizado ontem à noite com os candidatos ao Governo da Paraíba pela TV Master. Os dois postulantes que estão melhor colocados nas pesquisas preferiram as perguntas e críticas mútuas sempre que puderam fazer indagações. Participaram ainda Antônio Radical (PSTU), Tárcio Teixeira (PSOL), Major Fábio (PROS) e Vital Filho (PMDB). Já no primeiro bloco, Ricardo Coutinho indagou ao ex-governador o que ele havia feito para melhorar a qualidade do transporte escolar durante sua gestão e lembrou um acidente ocorrido em 2006, quando 15 alunos morreram ao serem transportados em um caminhão do tipo "pau de arara".
Cássio, por sua vez, chamou o governador Ricardo Coutinho de “desumano”, ao responder a indagação. “Essa é uma prática costumeira sua, a de não ter respeito pelos sentimentos dos outros e por isso você relembra fatos assim”, disse Cássio.
Coutinho quis saber de Cássio quantos ônibus para o transporte escolar ele tinha comprado quando era governador. Cássio disse que nenhum governador compra ônibus. “São comprados pelo governo federal e repassados aos estados, que por sua vez os repassa aos municípios”, disse, acrescentando que na sua época o Estado mantinha convênios com as prefeituras para suprir a demanda do transporte escolar.
O senador aproveitou para alfinetar o socialista ao dizer que mais de 200 escolas foram fechadas na Paraíba durante a administração de Ricardo Coutinho. Já o candidato Antônio Radical, ao responder uma pergunta do candidato Major Fábio lembrou que não seriam 200 escolas e sim 321 que estão fechadas atualmente.
Durante o programa, Cássio obteve dois direitos de resposta. Na primeiro caso, rebateu acusação de “crueldade”, feita por Ricardo Coutinho, em relação à obrigatoriedade dos servidores estaduais recorrerem a um empréstimo para poder receber o pagamento do 13º salário, em 2003.
O candidato do PSDB explicou ter recebido o governo com sérias dificuldades financeiras – inclusive com o 13º de 2002 não quitado – e que a alternativa criativa do empréstimo não gerou ônus para o servidor, já que os juros foram pagos pelo próprio governo.
Já o segundo direito de resposta foi por conta de o tucano ter sido tachado de “mentiroso” por Coutinho, após explicar a participação decisiva de seu governo em viabilizar o empréstimo junto à Corporação Andina de Fomento (CAF) para construção e recuperação de estradas.
Ex-aliados de Ricardo – Durante o debate da TV Máster, vários ex-aliados que serviram aos governos de Ricardo Coutinho foram ao programa acompanhando Cássio Cunha Lima. Estavam lá o ex-prefeito Luciano Agra e vários ex-secretários de Ricardo como Lúcio Flávio Vasconcelos e Roseanea Meira, que faziam parte do chamado “coletivo” do governador desde os tempos em que ele era vereador em João Pessoa. Além deles, o vice-governador Rômulo Gouveia, que também rompeu com Ricardo e decidiu apoiar Cássio, também sentou-se na fileira da frente.
Compra de apoios – “Não podemos deixar que a política se transforme em um balcão de negócios, como se comprar o apoio de um político ou de um vereador fosse natural. Além do corrupto, aquele que se vende, há o corruptor, aquele que acha que todo mundo tem um preço, que todo mundo está na prateleira de um supermercado. É preciso erradicar a corrupção na Paraíba e no Brasil”, disse o candidato Ricardo Coutinho, numa alusão clara à recente denúncia feita por sua coligação a respeito de suposta compra de apoio do prefeito de Caiçara, Cícero Francisco (PSB), pela coligação "A Vontade do Povo". O caso foi denunciado à Polícia Federal e ao Ministério Público Eleitoral.
Ricardo afirmou que instrumentos como o Orçamento Democrático, implantado na sua gestão, fazem com que a população acompanhe e fiscalize o próprio governo. “É fundamental elevar o nível de exigência da população para com os políticos. Ou a população derrota a corrupção ou nosso Estado terá sérios problemas para alcançar um nível de desenvolvimento superior”, enfatizou.
Ao responder a pergunta de Antônio Radical (PSTU) sobre promessas não cumpridas (criação de maternidades em todos os municípios), Ricardo disse que cumpriu suas promessas de campanha em relação à ampliação da rede obstetrícia. “Não seja tão Radical em suas expressões, candidato, você não pode colocar palavras em minha boca. Não poderia ter dito que cada cidade teria uma maternidade porque sou da área da saúde e sei que isso é inviável. Prometi e cumpri que ampliaria a rede obstétrica para que os bebês nasçam em suas regiões. A Paraíba teve o maior crescimento da rede no Nordeste, com 45% de ampliação”, explicou.
Na área da educação, em resposta à acusação de fechamento de escolas, Ricardo Coutinho citou a construção de seis escolas técnicas estaduais, a abertura de 725 novas salas de aula, a reforma de 352 escolas que estavam em péssimas condições e os 32 projetos do programa Paraíba Faz Educação, que garante prêmios para professores que apresentam projetos pedagógicos para os alunos.
Ele ainda criticou o candidato do PSDB, dizendo que ele nada fez quando governou o Estado para acabar com o transporte de estudantes através dos chamados "paus de arara". “Ao contrário do meu concorrente, que não distribuiu nenhum ônibus escolar, a nossa gestão já distribuiu, com recursos próprios, 585 ônibus”, revelou Ricardo, acrescentando que no seu próximo governo vai instituir o passe livre para os estudantes do Ensino Médio e dobrar o piso salarial do professores da rede estadual de ensino.
Vital – Já o candidato do PMDB, que não foi provocado ao confronto direto pelos adversários, pôde expor suas propostas ao longo do programa. Vital Filho fez questão te lembrar os feitos do PMDB quando governou o estado, frisando que elaborou um plano de estado e não um plano de governo, pensando a Paraíba décadas a frente. Vital destacou que tem um plano para tornar o Turismo o vetor de desenvolvimento do Estado, integrando o Turismo de Sol e Mar, Religioso e de eventos. Em resposta a pergunta de telespectadores da TV Master, sobre política pública para o esporte na Paraíba, o senador peemedebista disse que no plano de governo que quer implantar no Estado, se eleito, é integrar as secretarias de Educação, Cultura e Esportes.
Além disso, Vital disse que é preciso fazer uma nova escola média para que os jovens tenham oportunidade de estudo, esporte, cultura e emprego, para ficar longe da marginalidade.
– Vamos criar escolas com tempo integral para que nenhum jovem fique sem atividades esportivas e culturais e assim fortalecer a juventude para tirá-los da marginalidade – disse.
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