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20
abr
2023

Intelectual torna-se a 10ª mulher a ocupar uma cadeira na ABL, assumindo o posto de Nélida Piñon

Heloísa Buarque de Hollanda

Escritora e crítica cultural, a paulista Heloísa Buarque de Hollanda, 83 anos, foi eleita nesta quinta-feira, dia 20 de abril, nova imortal da Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira 30, vaga desde a morte da escritora Nélida Piñon, em dezembro de 2022. Heloísa passa a ser a 10ª mulher eleita para a ABL. Essa é a primeira vez que a Academia realiza a votação por urna eletrônica. Ela foi eleita com 34 votos, de 37 possíveis. Dos candidatos, o pintor e escritor Oscar Araripe teve 2 votos e houve um voto em branco. 24 Acadêmicos votaram na urna eletrônica e 13 votaram por carta.

“Esse atual projeto de abertura da Academia me fascina. e isso não é nem o começo. Tem que ter mulher, negro, índio. Porque são excelentes também. Isso é o Brasil, a democracia. Eu estou muito feliz de chegar nesse  momento na Academia, com esse projeto de renovação, aos 84 anos”, destacou Heloísa.

A cadeira 30 tem como fundador o contista Pedro Rabelo, como patrono o jornalista e romancista Pardal Mallet, e teve como titulares o advogado Heráclito Graça, o médico Antônio Austregésilo e o ensaísta, filólogo e lexicógrafo Aurélio Buarque, além de Nélida Piñon.

Sobre Heloísa Buarque de Hollanda

Uma das principais vozes do feminismo brasileiro, considerada a maior intelectual pública do país, Heloísa Buarque de Hollanda é formada em Letras Clássicas pela PUC-Rio, com mestrado e doutorado em Literatura Brasileira na UFRJ e pós-doutorado em Sociologia da Cultura na Universidade de Columbia, em Nova York. É diretora do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC-Letras/UFRJ), onde coordena o Laboratório de Tecnologias Sociais, do projeto Universidade das Quebradas, e o Fórum M, espaço aberto para o debate sobre a questão da mulher na universidade.

Seu campo de pesquisa privilegia a relação entre cultura e desenvolvimento, área em que se tornou referência, dedicando-se às áreas de poesia, relações de gênero e étnicas, culturas marginalizadas e cultural digital. Nos últimos anos, vem trabalhando com o foco na cultura produzida nas periferias das grandes cidades, o feminismo, bem como no impacto das novas tecnologias digitais e da internet na produção e no consumo culturais.

Entre os livros que publicou, destaca-se a histórica coletânea “26 Poetas Hoje”, de 1976, que revelou uma geração de poetas “marginais” que entrou para a história da literatura brasileira, como Ana Cristina Cesar, Cacaso e Chacal. Essa antologia é considerada um divisor de águas entre uma poesia canônica e uma poesia contemporânea e performática. Segundo a autora, o livro causou furor na época.

“Em tempos de censura e de repressão, plena ditadura, no ano de 1976, em uma época batizada por Zuenir Ventura de "vazio cultural", publiquei uma antologia que causou furor.”

26 poetas hoje trazia a atmosfera coloquial e irreverente que marcaria a década de 1970, também chamada de geração mimeógrafo ou geração marginal. Eram poetas que estavam à margem do circuito das grandes editoras e que produziam seus livros de maneira artesanal, em casa, em pequenas tiragens vendidas em centros culturais, bares e nas portas dos cinemas. Ao reunir esses poetas que engrossavam o caldo da contracultura, o livro foi uma resposta direta aos anos de chumbo e se tornou um clássico da poesia brasileira, referência incontornável para escritores e leitores de poesia.

Em 2021, Heloísa reuniu em uma edição de “As 29 poetas hoje”, segundo ela, as vozes de uma geração pulsante e combativa, que impressiona pela força, pela coragem e pelo talento.

“Me peguei pensando: quem está fazendo a poesia agora? Quem são as marginais? Não me surpreendi com a presença das mulheres, que já era óbvia. Cada uma com sua dicção e seu estilo.As 29 poetas hoje é uma antologia que fala sobre identidade, sexo, amor, fúria, política e o Brasil de agora.”

Outros livros publicados por Heloísa Buarque de Hollanda: Macunaíma, da literatura ao cinema; Cultura e Participação nos anos 60; Pós-Modernismo e Política; O Feminismo como Crítica da Cultura; Guia Poético do Rio de Janeiro; Asdrúbal Trouxe o Trombone: memórias de uma trupe solitária de comediantes que abalou os anos 70; Escolhas, uma autobiografia intelectual; Feminista, eu¿ Literatura, Cinema Novo, MPB; 29 Poetas Hoje; Pensamento feminista hoje – Sexualidades do sul global; Pensamento feminista hoje – Perspectivas decoloniais; Pensamento feminista brasileiro – Formação e contexto; Pensamento feminista – Conceitos fundamentais;

Explosão feminista – Arte, cultura, política e universidade; Rachel Rachel; Zona Digital; Cultura como recurso; Enter – Antologia digital; Otra línea de fuego. Quince poetas brasileñasultra contemporáneas; (Coleção Melhores Crônicas) Rachel de Queiroz; Puentes/Pontes. Poesia argentina e brasileira contemporânea; Impressões de Viagem – CPC, vanguarda e desbunde (1960/70); Ana C: Correspondência incompleta; Tendências e Impasses – o feminismo como crítica da cultura; Pós-Modernismo e Política; Quase Catálogo 2 – Artistas plásticas no Rio de Janeiro (1975-85); Quase Catálogo 1 – Realizadoras de cinema no Brasil (1930-1988); Cultura e Participação nos anos 60.

ABL


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