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17
jul
2013

Sitônio Pinto*

Ninguém ainda se lembrou de fazer uma big manifestação em frente à embaixada norte-americana, em prol da liberdade ou do passaporte para a liberdade do companheiro Edward Snowden. Os Estados Unidos querem pegá-lo para capá-lo, ou mesmo matá-lo, ou condená-lo à prisão perpétua em San Quentin, ou Alcatraz, ou Attica – onde morreram 29 presidiários e 10 reféns, na cidade de Nova YorK, em setembro de 1971, no governo de Rockfeller.

Snowden também pode ir para Guantánamo – presídio de guerra que os norte-americanos mantem na Ilha de Cuba, na baía do mesmo nome. Os gringos não querem devolver a base naval de onde ameaçam todo o Caribe, e é para lá que levam os presos políticos que arrecadam neste mundo de Alá. Guantánamo é como a Bastilha, que caiu anteontem: só tem porta de entrada. É como a Escola de Mecânica da Marinha argentina, o centro de tortura da ditadura platina de onde nunca ninguém saiu vivo. Ou saíram: os que seriam arremessados, por aviões, na noite das águas do rio da Prata, costurados nos sacos da morte.

Faltou uma coisa nas recentes manifestações brasileiras: a percussão das panelas, no melhor estilo argentino. Foi falta de prática, pois os manifestantes brasileiros não são acostumados a fazer panelaços, ou simplesmente ocupar as ruas num desfile sem bateria. Na próxima vez, estejam avisados: levem as panelas para a frente da embaixada norte-americana. Os gringos gostam de samba, inda mais em domicílio. E não se esqueçam do tema do samba enredo: “O espião é nosso”.

Podem levar a escola também para o palácio de Dilma, com os cartazes pedindo a vinda de Snowden para o Brasil. Afinal, Brasília foi sede do escritório central da espionagem da CIA para a América Latina. Snowden, apesar da pouca idade (29), era um dos principais arapongas do complexo de espionagem norte-americano. O Brasil não deve perder essa mão de obra. O Brasil deve perder o medo de saber o que Snowden sabe sobre o Brasil e seu governo.

É isso aí: os países do mundo não querem saber o que a CIA e a ASN sabem a respeito deles, para não se sentirem desmoralizados perante uns aos outros. Se souberem o que os outros sabem, terão de tomar uma drástica medida contra o voyeurismo de Tio Sam, que estava brechando pelo buraco da fechadura a intimidade dos governos e governantes do mundo. Isso é o que se chama de espionagem pornográfica.

O que será que a CIA e a ASN viram em Brasília? Tempo desses foi o maior auê, porque alguém soube, e botou a boca no trombone, que o presidente do Senado tinha uma amante, com filha e tudo, que moravam num apartamento pago pela Construtora Odebrecht. Mas o presidente Renan Calheiros deu seu nó no pingo d’água e tudo foi resolvido numa boa, com uma pizza gigante, de muitos sabores.

Snowden sabe mais do que deveria saber; sabe tanto que está incomodando até a Rússia. O país dos czares não quer dar asilo nem provisório ao espião ianque. Com medo de quê? Será que Snowden sabe os segredos de Fátima? Que falta está fazendo a antiga União Soviética! Se fosse no tempo de Stálin Tirano, o espia de Tio Sam já tinha ganho a cidadania soviética, com direito à mesada em rublos esterlinos. Mas as Rússias não são mais do povo, voltaram a ser dos czares, e haja medo de Barack Obomba.

Eu quero ir para Brasília na manifestação que vai haver em frente à embaixada. Ou nos consulados das grandes cidades brasileiras. O espião é nosso,o companheiro merece.

*Jornalista, escritor, poeta, ensaísta e publicitário


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