sáb
30
dez
2017

Menos desocupados, mais desempregados. É o avanço do atraso_Brasil 247

"Os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística são sua expressão: no trimestre encerrado em novembro, 194 mil pessoas a menos têm a carteira de trabalho assinada, mas 411 mil deixaram de ser consideradas desocupadas. Têm, portanto, algum tipo de renda informal, no setor privado da economia", diz o jornalista Fernando Brito, do Tijolaço, ao analisar os dados da Pnad Contínua; "O tal ‘trabalho intermitente’ criado pela reforma trabalhista é isso, a tentativa de formalização do “bico” como emprego: 200 reais ou 300 são melhores do que nada. São mesmo, não é ironia e quem já esteve no desespero sabe o quando isso alivia, por alguns dias, o sofrimento de ver a família em desespero", diz ele.

Por Fernando Brito, do Tijolaço A estranha equação aí do título é a do paradoxo da situação econômica do Brasil.

Os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística , selecionados pelo Valor, são sua expressão: no trimestre encerrado em novembro, 194 mil pessoas a menos têm a carteira de trabalho assinada, mas 411 mil deixaram de ser consideradas desocupadas. Têm, portanto, algum tipo de renda informal, no setor privado da economia.

Além do emprego no setor privado sem carteira assinada, outras inserções informais também registraram crescimento no período de setembro a novembro deste ano. É o caso do trabalho por conta própria, que inclui atividades como camelôs, pintores, motoristas de aplicativos de celular.

Mas não são só estas profissões: o número de empregadas domésticas mostra onde está parte desta retomada do arcaico. De um ano para cá, são mais 250 mil trabalhadores domésticos. Ou trabalhadoras, porque são mulheres 90% deles, sendo 60% negras ou pardas.

Não se sabe, porque isso é subjetivo demais para ser captado em pesquisas como a PNAD contínua, se o aumento dessa informalidade é o “tive de me virar” de quem desistiu de arranjar emprego fixo e cava “bicos” para sobreviver, o que se tem de fazer, haja ou não um posto de trabalho disponível.

Aliás, o tal “trabalho intermitente” criado pela reforma trabalhista é isso, a tentativa de formalização do “bico” como emprego: 200 reais ou 300 são melhores do que nada. São mesmo, não é ironia e quem já esteve no desespero sabe o quando isso alivia, por alguns dias, o sofrimento de ver a família em desespero.

Mas, se é uma mitigação momentânea da dificuldade na vida de milhares de pessoas, não é na vida de um país cuja economia se desorganiza e a precariedade do trabalho se expande e – pior – passa a ser aceita como “natural” e inevitável.

Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, disse ao repórter Bruno Villas Bôas que dois em cada três destes empregos domésticos é informal. ““São pessoas que vivem sem garantias trabalhistas, sem FGTS, sem contribuição para a Previdência, o que é ruim para o país e para a pessoa.”

É o avanço do atraso, que só os tolos podem comemorar.

Brasil 247


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