Rebeca Andrade mostra que é campeã também fora das quadras de ginástica: "Não quero que as pessoas pretas dependam da sorte"

A ginasta conta como chegou ao topo do esporte, depois de uma infância pobre, em que caminhava duas horas para poder treinar

Um bem apurado perfil publicado neste domingo no jornal O Globo revela uma face pouco conhecida de Rebeca Andrade, a número 1 do mundo na ginástica. Aos 23 anos, depois de vencer a pobreza em Guarulhos, Grande São Paulo e se tornar um fenômeno do esporte, ela demonstra engajamento político e defende oportunidades para pessoas pretas como ela.

No perfil, de autoria de Ines Garçoni, Rebeca conta que, aos 5 anos de idade, tinha que andar duas horas com o irmão Émerson até chegar ao ginásio Bonifácio Cardoso. A mãe, empregada doméstica, não tinha dinheiro para a condução.

Nas quadras, Rebeca ganhou o mundo. Sua última grande conquista foi em Liverpool, numa apresentação histórica, quando se consagrou como a primeira brasileira a ganhar o ouro no campeonato mundial de ginástica, no individual geral.

"Aos 23, ainda carrega, no jeito de ser e de conversar, uma doçura de menina. Mas não se engane: a ginasta tem personalidade forte e determinada. ‘Quando decido uma coisa, se é algo que eu quero mesmo, eu vou atrás. Tenho foco, me empenho e acredito’, diz. ‘Sem passar por cima de ninguém, porque eu acho que tem lugar para todo mundo’”, escreve a jornalista Ines.

Rebeca ainda declarou:

“Encontrei pessoas dispostas a me ajudar ao longo da vida, gente que nem sabia se eu daria certo ou não”, conta. “Mas, ao mesmo tempo,. Quero que tenham oportunidade. Elas precisam de gente que acredite nelas no início de tudo, na base”, completa.

"Hoje é Rebeca quem inspira as meninas negras mais novas, como ressalta Daiane”, informa a jornalista. A ex-campeã de ginástica Daiane dos Santos disse:

“As conquistas dela são fonte de esperança para muitas outras meninas. E vê-la ocupando esse espaço e dando voz a tantas pessoas é um orgulho”.

E Rebeca comemora, segundo o perfil: “Para mim, é muito importante ser um exemplo de representatividade”, diz.

Mas nem só de engajamento e esforços físicos vive a maior ginasta do país. Embora treine de seis a sete horas por dia, ela arranja tempo para namorar, se divertir e estudar.

Brasil 247

Comentários (0)
Adicionar comentário