A arqueologia brasileira descobriu recentemente um acervo único de artefatos de diferentes períodos históricos, no coração da capital fluminense. A descoberta do sítio arqueológico ocorreu ao longo dos últimos seis meses, durante escavações para novas estações do metrô, ao lado da antiga estação de trens da Leopoldina.
Parte do material foi apresentada nesta semana à imprensa. Dentre as relíquias, frascos de vidro intactos com conteúdo original, artigos domésticos, como desodorante e escova de dente. Uma, inclusive, com a inscrição em francês “Sua Majestade o imperador do Brasil”, que pode ter pertencido a dom Pedro II.
De acordo com o responsável pela pesquisa, Cláudio Prado de Mello, os objetos, que vão desde o século 17 até o fim do período Imperial (século 19), impressionam não apenas pela quantidade, que pode ultrapassar 800 mil peças, como também pela qualidade e a integridade das peças.
Historiadores já tinham notícia de que a área servia de descarte de resíduos provenientes do palácio imperial. Para Mello o achado é uma oportunidade única da sociedade estudar seu passado por meio de evidências do cotidiano das pessoas que viveram nesses períodos. “É interessante estudar as coisas simples da vida das pessoas para reconstituir esse cotidiano que a gente não registra. O desodorante, a caixinha de pasta de dente, ninguém guarda para deixar de herança”, comentou ele. “A arqueologia está resgatando pedacinhos dessas vidas e vai ter a oportunidade de estudar, processar essa informação e recontar a história dessa sociedade”, contou ele.
No local, funciona temporariamente uma fábrica de anéis de concreto para a construções dos túneis do metrô. A escavação foi interrompida devido ao cronograma da obra e deve ser retomada em 2016, quando as estações estiverem prontas e o local limpo para a pesquisa arqueológica.
A equipe conta atualmente com mais de 30 profissionais e vai se dedicar agora a limpar as peças recolhidas e reunir as peças quebradas. Enquanto as obras estiverem em curso, a concessionária do metrô, está custeando o trabalho de laboratório, a análise do material e a pesquisa histórica.
Outras preciosidades encontradas nas escavações são um aqueduto subterrâneo, que provavelmente foi construído sob o comando de dom João VI, no início do século 19, e vestígios do Matadouro Imperial de São Cristóvão, local de abate de animais, chancelado pelo governo imperial (de 1853 e a 1881).
Agência Brasil