Dom Aldo e pastor Estevam criticam "vitória" de Natan Donadon, preso por formação de quadrilha

Os dois principais líderes religiosos da Paraíba, o arcebispo Dom Aldo Pagotto e o Pastor Estevam Fernandes, criticaram na manhã desta quinta-feira (29) a postura adotada pelo Congresso Nacional que manteve o mandato do deputado federal Natan Donadon (ex-PMDB-RO), apesar do parlamentar ter sido preso por peculato e formação de quadrilha há dois meses. Ambas as lideranças religiosas consideraram o fato uma vergonha, um verdadeiro escárnio contra a população brasileira.

Para o Pastor Estevam a atitude de manter Donadon na Câmara Federal é uma temeridade para o Brasil. “Pela primeira vez vamos ter um deputado federal e presidiário mantido no cargo. É uma vergonha, uma temeridade, é expor o Brasil ao ridículo. Os deputados federais fizeram esse desfavor a população brasileira. No momento em que todo mundo luta por menos corrupção, por moralizar o país, vem uma vergonha dessa”, declarou.

Estevam Fernandes repudiou a volta de Donadon ao Congresso. “Meu repúdio. Eu espero que a nação brasileira se levante e diga alto ‘nós repudiamos isso’. Como é que um cara vai algemado, vai pra um presídio conduzido pela Polícia Federal e depois volta. A Câmara está extasiada, a voz do povo não mexeu com o Congresso, mas eu acredito que o Brasil vai dar uma resposta que isso é inaceitável”, enfatizou.

O arcebispo Dom Aldo Pagotto concordou com o Pastor e disse que a população brasileira precisa se levantar contra o que houve nesse caso. “É uma excrescência. Estamos vivendo uma espécie de chicana, chicana que eu quero dizer é uma espécie de manobra. É subestimar a inteligência, a lealdade, a franqueza da população. Ninguém engana todo mundo o tempo todo. A verdade virá à tona e, assim como as manifestações de julho foram um recado muito bem dado, elas vão continuar nesse sentido de passar a limpo muitas coisas que, em nome de uma ou outra ideologia ou corporativismo, são colocadas embaixo do tapete. A população não vai mais aguentar isso”, ressaltou.

Entenda o caso

Na sessão que manteve o mandato de Natan Donadon, 233 deputados votaram a favor do parecer aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça, favorável à cassação. O número foi insuficiente para a perda do mandato, que exige ao menos 257 votos. Outros 131 deputados votaram pela manutenção do mandato de Donadon e 41 se abstiveram.

O parlamentar está preso desde 28 de junho no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, onde cumpre pena de 13 anos devido à condenação por peculato e formação de quadrilha pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Donadon foi autorizado pela Justiça a acompanhar no plenário da Câmara a votação que analisou o requerimento de perda de mandato. Com algemas, ele foi conduzido ao Legislativo pela Polícia Judiciária, mas dentro do parlamento ficou livre sob a custódia da Polícia Legislativa. A mulher e os dois filhos do parlamentar rondoniense acompanharam a sessão.

Nice Almeida – Politica PB